quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Sexta aula

Platão (427 – 347 a.C.)

1. O “problema Platão”

2. O contexto Platão

3. O conflito com a política

4. A teoria das idéias e das formas

5. A teoria do conhecimento

6. Os modos do conhecimento modos de conhecer por meio da linguagem:

1º nome

2º definição (modo de conhecer por representação de figuras e números)

3º raciocínio dedutivo (operação do pensamento sem a necessidade de representação)

4º conhecimento

5º alcance do objeto real, a essência inteligível.

7. Os graus do conhecimento

Mundo inteligível

Idéia (êidos)

Intelectual (nóesis)

Ciência (epistéme)

Raciocínio Dedutivo

(dianóia)

Mundo sensível

Crença(pistis)

Opinião (dóxa)

Imaginação

Simulacro (eikásia)

8. Teoria da alma (psicologia) e da vida virtuosa (ética):

alma racional -> Saber

alma colérica -> Prudência

alma concupiscente -> Temperança

9. O governo dos filósofos

10. Os problemas da concepção de Platão

Assim como há o problema do Sócrates (que não publicou nenhuma obra escrita) há o “problema Platão” que se refere a haver uma pluralidade de interpretações de suas obras. No entanto, é o filosofo que mais influenciou a filosofia ocidental. Inicialmente sua maior paixão era a política, se direcionando à filosofia após sua frustração com aquela.

A obra de Platão convive com o contexto de decadência da cidade de Atenas e crise política. Em conseqüência disso ele se decepciona com a cidade e tem no julgamento de Sócrates o estopim para que sua filosofia confronte-se com a política.

Em suas obras ele afirma que a política se desvirtuou por ser regida por critérios do senso comum e da opinião. Acusa que a política foi corrompida pelos sofistas e não estava sendo feita mais pelo conhecimento e pela filosofia.

Mito da caverna

Esse mito narra a história de homens que viviam acorrentados dentro de uma caverna de costas para a sua entrada. Para eles era projetado, graças a luz de uma fogueira, imagens. Os que projetavam essas imagens também emitiam sons de conversa. Os prisioneiros da caverna acreditavam que aquelas imagens eram reais e que o som que eles escutavam vinha dessas imagens.

Um dos prisioneiros sente uma espécie de frustração e por razão dos questionamentos que surgiram nele, ele consegue se libertar das correntes e sai da caverna. Quando chega fora dela, senti a luz forte nos olhos e não consegue enxergar nada. Após um período seus olhos se adaptam a luz e ele começa a enxergar o mundo externo, o mundo real. A partir desse momento ele compreende que as sombras na caverna eram apenas um simulacro da realidade.

Esse prisioneiro liberto se sente imbuído a retornar à caverna e contar aos outros o que ele pôde ver, desvendando toda a simulação que havia na caverna. Mas após sua volta e sua tentativa de explicar aos outros que havia um mundo lá fora, ele é morto.

Platão relaciona esse mito à sua teoria do conhecimento e alguns elementos dessa historia a aspectos da discussão filosófica. Para ele os homens no mundo vivem como os prisioneiros: acreditando em um mundo de imagens que não são a realidade, que são a opinião. O prisioneiro liberto representa o filosofo que tem um ímpeto questionador e consegue através dele chegar no mundo real: a verdade. A fogueira representaria os sofistas que enganam os homens com seus ideais de que tudo é opinião e que tudo pode ser convencionado, sem haver uma verdade absoluta.

A volta do filosofo a caverna marca a função político-pedagogica que Platão defende deve haver em todos os filósofos. Porque eles devem ajudar os homens a encontrar a verdade, que existe dentro de todos. A morte do filosofo é uma alusão a morte do Sócrates que, para Platão, tentou exercer essa função político-pedagogica, mas foi condenado e morto graças aos sofistas que corromperam Atenas.

A verdade se caracteriza pela relação entre o intelecto e a coisa visada. É preciso saber direcionar o olhar para o conhecimento. É preciso ao prisioneiro que está acostumado com a escuridão adaptar seu olhar para a compreensão do que se vê no claro, que representa o conhecimento, a verdade.

Para Platão a busca do conhecimento, do saber é a busca pelo bem, que só é possível através da verdade. Ele adota um filosofia contemplativa, ou seja, para se compreender a sociedade é preciso tomar um distanciamento do mundo.

Mito da Reminiscência

“...é preciso explicar como, vivendo no mundo sensível, alguns homens sentem atração pelo mundo inteligível. Como, nunca tendo tido contato com o mundo das idéias, jamais tendo contemplado as idéias, algumas almas as procuram? De onde vem o desejo de sair da caverna? Mais do que isto, como os que sempre viveram na caverna podem supor que exista um mundo foram dela, se os grilhões e os altos muros não deixam ver nada externo? Para decifrar este enigma, Platão narra o Mito de Er, também conhecido como o Mito da Reminiscência, da anamnese, que vimos ser inseparável da antiga idéia da alétheia (o não-esquecido).

O pastor Er, da Panfília, é conduzido pela deusa até o Reino dos Mortos, para onde (como já vimos) segundo a tradição grega, sempre foram conduzidos os poetas e adivinhos. Ele encontra as almas dos mortos serenamente contemplando as idéias. Devendo reencarnar-se, as almas serão levadas para escolher a nova vida que terão na Terra. São livres para escolher a nova vida terrena que desejam viver. Após a escolha, são conduzidas por uma planície onde correm as águas do rio Léthe (esquecimento). As almas que escolheram uma vida de poder, riqueza, glória, fama ou vida de prazeres, bebem água em grande quantidade, o que as faz esquecer as idéias que contemplaram. As almas dos que escolhem a sabedoria quase não bebem das águas e por isso, na vida terrena, poderão lembrar-se das idéias que contemplaram e alcançar, nesta vida, o conhecimento verdadeiro. Desejarão a verdade, serão atraídas por ela, sentirão amor pelo conhecimento, porque, vagamente, lembram-se de que já a viram e já a tiveram. Por isso, no Mênon, quando o jovem escravo analfabeto se torna capaz, orientado pelas perguntas de Sócrates, de demonstrar o Teorema de Pitágoras, Platão faz Sócrates dizer que conhecer é lembrar, e o filósofo dialético, como o médico que faz o paciente lembrar-se, suscita nos outros a lembrança do verdadeiro. Se já não tivéssemos estado diante da verdade, não só não poderíamos desejá-la como, chegando diante dela, não saberíamos identificá-la, reconhecê-la.” (Marilena Chauí - O Cortiço Filosófico)

Por isso a idéia de conhecimento se relaciona a idéia de reminiscência, já que aquele é um processo então de lembrança da verdade uma vez apresentada aos homens que a escolheram. Essa idéia é inatista, sendo contraria a noção de conhecimento pela experiência, empirismo.

Teoria do conhecimento

O conhecimento para Platão se divide em graus. Esse processo pode ser bem exemplificado pelo processo de libertação do prisioneiro da caverna.

Primeiro os homens vêem diante de si um mundo de imagens, que não são reais. Essas imagens para ele seriam as opiniões, simulacros da realidade. Dessa forma, os homens acreditam naquelas imagens, adotam as opiniões como verdade caracterizando assim o segundo grau do processo de conhecimento. Esses dois graus estão incluídos no mundo sensível, ou seja, eles pertencem ao mundo que se apresenta através dos sentidos e não do verdadeiro conhecimento, da filosofia.

A partir de então o homem sente uma necessidade de questionamento que leva ele a um raciocínio dedutivo sobre o mundo visto por ele e sobre suas opiniões. Sendo esse o primeiro grau para se atingir o mundo inteligível. O último grau é finalmente a compreensão, através de uma intuição inteligível chega-se a verdade.

Teoria da alma e da vida virtuosa

Nessa teoria ele discute e divide as virtudes dos indivíduos relacionando-as as parte do corpo. Para Platão o homem se divide em alma racional (cabeça) que representa o saber; alma colérica (peito) representando a prudência; e alma concupiscente (baixo ventre) representando a temperança. Dessa forma, é para ele um individuo harmônico, virtuoso e ético aquele que tem as almas colérica e concupiscente sobre controle da alma racional, já que só assim seria possível manter o equilíbrio dessas outras duas almas.

Platão relaciona a teoria das almas a política. Dividindo a sociedade em magistrados, militares e comerciantes. Os magistrados representariam a alma racional, já que eles detêm o conhecimento. Os militares representariam a alma colérica e os comerciantes a alma concupiscente.

Assim ele organiza sua estrutura de sociedade ideal, para ele os magistrados se dividiriam em duas funções: como governantes e como administradores; os militares garantindo a defesa e a proteção; e os comerciantes as riquezas.

É evidente dessa forma, que Platão com sua teoria de governo, acaba afrontando a Democracia e defendendo uma Aristocracia, em que os filósofos detêm o poder.

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